Amplificador Operacional
Aula 01:Amplificador Diferencial com Transistores
Refererencia
UTILIZANDO ELETRÔNICA COM AO, SCR, TRIAC,SCR,555 - Albuquerque e Seabra - Ed. Erica
1. Introdução
O amplificador diferencial (AD) é importante no estudo dos amplificadores operacionais (AO) pois ele é o primeiro estágio de um AO, estabelecendo algumas de suas principais características.
Por definição um AD é um circuito que tem duas entradas nas quais são aplicadas duas tensões v1 e v2 e uma saída vS. Se considerarmos a condição ideal se v1 = v2 a saída será nula, isto é, um AD é um circuito que amplifica só a diferença entre duas tensões rejeitando os sinais de entrada quando estes forem iguais.
Figura 1 - Amplificador diferencial ideal
No caso ideal Vs=Ad.Vd=Ad.(V1 - V2) onde
Ad=Ganho diferencial de tensão
Vd=V1 - V2 = sinal diferença ou sinal erro
Se V1=V2 então Vd=0 e portanto Vs=0
Na pratica existirá sempre uma pequena tensão na saída quando V1 = V2 (situação esta chamada de modo comum). No caso de um AD real a expressão da tensão de saída em função da entradas é dada por:
Vs=Ad.Vd + Ac.Vc
onde
Vc = (V1 + V2)/2= sinal em modo comum e Ac=Ganho em modo comum.
Está claro pelo exposto que no caso de um AD ideal o valor de Ac=0.
Os valores de Ad e Ac dependem dos componentes usados na construção do AD, como veremos a seguir.
No circuito da Figura 2 vamos admitir que os transistores são iguais e que a fonte de corrente é ideal (Ie1+Ie2=IO=constante).
Figura 2 - Amplificador diferencial discreto
Consideremos a tensão na entrada 2 constante (V2 = E) e a tensão na entrada 1 como sendo igual a V1=VM1.sen(wt ) + E, isto é, uma tensão alternada senoidal com um nível médio E. A Figura 3 mostra as principais formas de onda do circuito considerando essas entradas.
Quando V1=V2= E, os dois transistores conduzirão a mesma corrente (IE1 = IE2 = IO/2), pois admitimos inicialmente transistores idêntico, nessas condições a tensão do coletor para o terra de cada transistor será igual a
VS1=VS2= VCC - RC.IO/2 e portanto a tensão entre os coletores valerá:
Vs=Vs1 -; Vs2=0.
Quando Vs1 > Vs2 o transistor Q1 conduzirá mais que Q2 e portanto IC1 aumentará, diminuindo VS1 (não esqueça VS1=VCC - RC.IC1 ) e por força da fonte de corrente, IC2 diminuirá (não esqueça que IO=IE1 + IE2=constante, se IE1 aumentar IE2 deve diminuir), aumentando Vs2.
Da Figura 2 e considerando que os transistores são idênticos e que a fonte de corrente é ideal podemos concluir que :
O ganho diferencial de tensão, considerando a saída nos coletores, é igual a :
Ad =Vs1pp/VM1 = VS2pp/VM1 (VS1pp=VS2pp)
VS1= saída VM1 = valor de pico da entrada 1
Se a saída for entre os coletores o ganho será duas vezes maior. A figura 3 mostra as principais formas de onda, Vs1(t) e Vs2(t). De cima para baixo:
( a ) ( b )Figura 3 - ( a ) Amplificador diferencial discreto ( b ) Formas de onda nos dois coletores
Dos gráficos da Figura 3 também concluímos que o sinal na saída 1, Vs1, está defasado de 180º em relação à entrada1, V1, e o sinal na saída 2, Vs2, está em fase com a entrada 1. Por isso mesmo é que, se considerarmos a saída no coletor de Q2 a entrada 1 será chamada de não-inversora (+) e a entrada 2 chamada inversora (-).
2. Amplificador diferencial com fonte de corrente real
Na pratica os transistores nunca serão iguais e a fonte de corrente não será ideal. A Figura 4 mostra o circuito de um AD pratico. Neste circuito a fonte -VCC junto com RE simulam a fonte de corrente.
Figura 4 - Amplificador diferencial discreto com fonte de corrente real
O valor da fonte de corrente é calculado fazendo-se V1=V2= 0 (condições quiescentes), resultando:
IO= (VCC - 0,7)/RE
Para esse circuito o ganho diferencial, considerando a saída nos coletores, será calculado por:
Ad = VS1/(v1 - v2) =VS2/(v1 - v2) =RC/2.re
onde re= resistência incremental da junção base emissor podendo o seu valor ser estimado por:
re=25mV/IE a 25ºC
sendo IE= a corrente quiescente de emissor=Io/2
Ou em função dos parâmetros h (híbridos) :
Ad = hfe.RC/2.hie sendo re=hie/hfe
O ganho em modo comum (Ac) do circuito é calculado por:
Ac = RC/2.RE
Como é desejável um Ac o menor possível estaríamos tentado a aumentar RE o máximo possível, mas isso provocaria uma diminuição nas correntes de polarização, diminuindo o ganho. Para manter o mesmo valor de corrente, se RE aumentar, devemos aumentar proporcionalmente VCC, o que na prática não é possível. Uma solução é a Polarização por espelho de corrente.
2.1. Polarização por Espelho de Corrente
Uma possível solução é substituir RE por um transistor Q3 que simula uma alta resistência, sem que seja necessário um valor alto de VCC. Desta forma se obtém um a valor de Ac muito baixo. O circuito da Figura 5 é chamado de amplificador diferencial com polarização por espelho de corrente, sendo muito usado em circuitos integrados e permite obter ganhos elevados.
Figura 5 - Amplificador diferencial discreto com polarização por espelho de corrente
A polarização por espelho de corrente é eficaz quando existe casamento perfeito entre os dois transistores TR3, isto é, o VBE3 é o mesmo.
3. Amplificador diferencial com realimentação
O circuito da Figura 4 tem um ganho instável por que o valor de re não é o mesmo para um mesmo tipo de transistor e varia com a temperatura. Uma forma de contornar o problema é aplicar realimentação negativa ao circuito como na Figura 6. Neste circuito a realimentação existente através de RE1 e RE2 diminui o ganho mas deixa-o estável, isto é, se os transistores forem trocados e/ou a temperatura variar o valor do ganho não muda (ou varia pouco).
Figura 6 - Amplificador diferencial com realimentação
O ganho de tensão considerando a saída nos coletores é dado por :
Ad = RC/2.(re+ RE)
Se RE>> re as variações em re provocadas pela troca de transistor ou variação na temperatura serão encobertas por RE e desta forma o ganho será estável e será dado aproximadamente por:
Ad = RC/2.RE
ou em função dos parâmetros h
Ad = RC/2.(hie/hfe + RE)
Considerando a saída entre os coletrores o ganho diferencial será duas vezes maior:
4. Experiência: Amplificador Diferencial Parte 1: Medida das correntes
4.1. Abra o arquivo
expAO_01 AD trs iguais (Multisim 14), Multisim Live. Identifique o circuito da Figura 7. Calcule todos os valores pedidos da Tabela 1 e em seguida execute uma simulação. Meça todos os valores e indique Tabela 1. Os transistores são iguais.
i Figura 7 - Amplificador diferencial com transistores iguais
Arquivo Multisim Live - AD com transistores iguais
Tabela 1 - Amplificador diferencial - medida dos valores quiescentes - transistores iguais